sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Yeux larmoyants

Eu.
Um paradoxo entre minha razao e minhas circustancias.
Quisera ter dito o que deveria ter sido dito mesmo naquela ocasiao.
Mas, nao.
Era melhor estrangular as proprias palavras e soltar um "Voce que sabe".
Soava mais arbitrario, dando a ideia de que deixei uma escolha.
Ele, ressabiado pela minha falsa complacencia, quis ir embora.
Porém, dessa vez suas pernas o traiu.
O olhar de quem quer fuzilar estava abarrancado em meu decote, que o engolia.
Depois de tantas frases incertas, ja nao sabia se era certo se poderia mergulhar outras coisas além de seus olhos por ali.
Nem me importei por mais uma noite sem companhia.
Virei-me, como aquela que nao esta se incomodando com uma situaçao constragendora e decisiva.
Mas senti uma mao em meu braço e uma voz quase falhada dizendo "restez ici, s'il vous plaît".
E so pelo s'il vous plaît, fiquei.
Isso de poder dizer que era como um favor mesmo, me instigou.
Marejado, aquele par de olhos esfomeados me suplicavam uma explicaçao pela minha cafagestagem.
Embora os mesmos ja soubessem que nao teria nenhuma plausivel.
Foi o que foi e pronto.
Ja estava feito.
O fato do meu nao arrependimento era o que o machucava.
Mas estava bem claro, desde o inicio.
"Das cadelas que nao tem dono, que nao obedecem."
Frase de praxe, pra quem eu sentia de primeiro contato que nao me doaria por inteiro.
Tenho dessas coisas, de saber se vou ser de alguém ou nao.
Ele pensava que eu poderia estar enganada.
Mas como alguém além de mim poderia saber que portaria meus sentimentos?
Engano o meu.
Reparei naqueles labios estremecidos e na tremedeira das canelas que eu ja pertencia àquele ser indulgente.
Pelo menos por uns dias.
Isso de "pra sempre" era tempo demais.
Sou vulneravel, declaro.
Permiti que eu me envolvesse sem pudores e sem ruidos de vozes, por aquele instante.
"Va, me queres? entao possua-me aqui na frente dessa via publica, agora."
 De um tenro abraço, mudo, fui tomada por uma indizivel sensaçao, daquelas que voce se perde e nao quer se achar.
E depois do silencio, aquele sotaque franco-portugues cantarolando baixinho "te perdoo, por ergueres a mao, por bateres em mim, por rodar exuberante..."      
Jogou baixo, atingiu meu ponto fraco.
  Me fez ficar, presa em mim. E esse "mim" tornara-se "ele".
Junçao.
"So por uns dias", pensei relutante.

Engano o meu.
Improvavel.

2 comentários:

  1. No primeiro perfil que fiz para o meu blogue, escrevi o seguinte:

    "Sou do ano de 1979.
    Não tenho certeza se essa é uma boa safra, mas é dela que eu venho.
    Bentinho e Capitu moram comigo, e mesmo tendo um casal de gatos, não sou viado. Dizem que gato é bicho de escritor, essa desculpa me agrada. Tem uma taça de vinho que todas as noites se chega junto à mim toda cheia de si, mas vai embora rapidinho.
    Gosto de tocar violão, o que não significa que eu saiba. Meu objetivo como músico era aprender a tocar "Tarde em Itapoã" e "Mil perdões", logo, considero-me um músico realizado.
    Não gosto de falar ao telefone, se pudesse, desinventava-o.
    Gosto de sofrer por amor, sou uma espécie de EMO da terceira idade. Gosto de sofrer ouvindo tango e fado. Fado sabe fazer doer, quando escuto, sofro com gosto.
    Não gosto de baladas. Gosto de boteco, mas prefiro o sofá..."

    O resto do perfil não tinha muita importância. E o que está aí acima já está um tanto desatualizado, considerando o fato que há uns três meses trouxe para dentro do meu apartamento mais uma gatinha que achei miando em frente ao meu prédio. O nome dela é Pilar, homenagem a Sra. Saramago. Mas isso também não tem muita importância.

    Aí tu me dizes:

    Tá, grandes merda, o que eu tenho a ver com isso?

    Aí eu te respondo:

    Na verdade nada, só quis dizer que "Mil Perdões" é uma das minhas preferidas. Se pudesse escolher qualquer música do mundo para ter composto, sem dúvidas escolheria ela.

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  2. Outra pessoa atingindo meu ponto fraco: voce, Don Mattos. Além de ter como uma das preferidas a mesma cançao que eu, e beber taça de vinho todas as noites, ainda sai catando gatos pelas ruas.

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