quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Desmemòrias de uma vadia que nao se vendia

Sobre o que eu nao deveria dizer e digo.
Da maneira mais incoerente do teu ponto de vista.
Sai assim, meio engasgado e mal mastigado,
o meu modo de expressar isso tudo aì que voce chama de 'minha opiniao'.
Nao sei, talvez se eu te ignorasse, teria um pouco mais de sua disputadissima atençao e ereçao.
Nao que eu a exige, nao é assim, espera e me deixe terminar;
Ta vendo? Voce me interrompe e eu perco o fio da meada.
Tudo bem, posso tentar começar de novo.
(silencio)
Isso nunca daria certo.
Vai, pode concordar comigo, eu sei que voce quer.
Nao ha necessidade de se fazer de rogado, vai.
Concorda logo e eu prometo nao te afrontar com isso.
Pode olhar minhas maos, meus dedos nao estao cruzados, ò.
Admitir ficaria menos feio.
Nao precisa realmente de ter medo de me magoar, juro.
Ja me acostumei com isso e voce nao vai ser o ultimo, acredite.
O que? Sinceramente é assim que voce pensa?
Ahh... entao eu acabo de mudar de ideia.
Aquela caracteristica, como se chama mesmo, ah sim, inconstancia. Essa mesma.
Apareceu 3 vezes no meu horoscopo deste mes. Sabia que era um sinal.
Ficou tudo mais confuso agora, nao é?
Nao seja tolo a ponto de pensar que eu me renderia a essa barba tua.
Pode parar de me olhar com essa cara, eu nao vou cair de novo.
Ta, so mais essa vez.
Essa cicatriz aqui?
Ué, foi voce.
Como nao?
Sua memoria anda gasta.
Ei, espera, volte aqui!
Voce falou que o ciume nao cabia em tua personalidade, que os teus outros adjetivos nao daria espaço pra algo tao desnecessario.
O que foi agora?
Porque esta virando o rosto? Olhe aqui, estou nua e desse lado de ca nao tem cicatriz.
Va, deixe aì tua marca, embora esteja claro que nunca serei tua propriedade.
Mas que porra é... voce ta chorando?
Nao me diga que é um cisco no olho, para.
Eu tenho alguma importancia em tua vida sim, senao voce nao desabotoaria teus olhos.
Pode e deve xingar mesmo, so que voce ja sabe que isso nao é ofensa pra mim.
Se voce me jogar contra a parede desse jeito de novo, os vizinhos irao reclamar, controle-se.
Veja bem querido, as minhas paredes nao sao à prova de som, portanto, grite mais baixo.
Nao destrua meu penteado sem antes meter com força isso que voce chama de pau, assim nao tem nenhuma graça.
Olha, desse jeito nao vamos conseguir gozar juntos.
Desista, assim eu engasgo.
Nao vai dar pra continuar com meu discurso se voce nao parar de apertar desse jeito meu pescoço.
Nao, voce nao esta me incomodando me deixando nesta posiçao, imovel.
Acalme-se.
Tudo bem, o banheiro esta com defeito, mije na minha cara. Minha cutis agradece.
So tome cuidado com o assoalho, meu sangue é meio denso e a empregada encerou todo ele hoje.
Estas velas estao pequenas, tem umas 4 maiores ali, na segunda gaveta à esquerda.
Minhas agulhas estao esterelizadas, pegue aquelas de espessuras diferentes, nao seja idiota.
Nao me venha com agradinhos.
Tua mao direita ja foi mais pesada.
Pétalas? Nao seja romantico.
Aonde estao aquelas pedras de cascalho?
Espera, isto aì nao é de brinquedo.
Ei, está carregada, pare, nao, aiai, eu concordo, eu assumo, eu admito, eu permaneço com a mesam ideia, mas nao faça isso!

(estrondo)




Assim termina uma saga de 5 minutos de uma imaginaçao literaria prostituida pelos encalços de um destino que nao se cruza com o caminho notoriamente sobrepujado de tenras lembranças de algo que so aconteceu dentro dele, do meu alterego.









terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

- Você tem um cigarro?
- Estou tentando parar de fumar.
- Eu também. Mas queria ter uma coisa nas mãos agora.
- Você tem uma coisa nas mãos agora.
- Eu?
- Eu. 





C. F. Abreu