quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Sinestesia Etilica

Derradeira noite que se faz de muda
Cama fria, gelada, obtusa
Bordeaux, velas, cigarros e vultos
E o corpo entregue ao quarto, desnudo

Vazio que nao se busca
Olhos que assombram o espelho
Sorriso que nao quer sair de dentro
Falso
Tanta vida,
e a mesma vontade de permanecer reclusa

Mergulhada em si
Afoga-se em incongruencias projetadas
A fim de nao redescobrir a unica e velha questao
Fuga sempre perdoavel
Sentimento que nao ha maneira de ser palpavel
Chafurdar nela propria
Ocasionando um bel e confortavel estrago

Nao tem que se limpar das lamurias
Nem de se absolver das quase-angustias
A unica tentativa plausivel de se embriagar com venenos verbais
é estremecer as bases, resultando em quedas livres

                                                                                  Estreitando em minusculas.