quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Sinestesia Etilica

Derradeira noite que se faz de muda
Cama fria, gelada, obtusa
Bordeaux, velas, cigarros e vultos
E o corpo entregue ao quarto, desnudo

Vazio que nao se busca
Olhos que assombram o espelho
Sorriso que nao quer sair de dentro
Falso
Tanta vida,
e a mesma vontade de permanecer reclusa

Mergulhada em si
Afoga-se em incongruencias projetadas
A fim de nao redescobrir a unica e velha questao
Fuga sempre perdoavel
Sentimento que nao ha maneira de ser palpavel
Chafurdar nela propria
Ocasionando um bel e confortavel estrago

Nao tem que se limpar das lamurias
Nem de se absolver das quase-angustias
A unica tentativa plausivel de se embriagar com venenos verbais
é estremecer as bases, resultando em quedas livres

                                                                                  Estreitando em minusculas.  





    

3 comentários:

  1. A amargura do ser toma o aspecto de genialidade, mas um gênio amargo nada mais é que amargo, embora não deixe de ser gênio, embora não o deixe a amargura.

    tenha um bom dia!

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  2. Obrigada, Davi!

    Mas nem sempre a amargura vem desacompanhada de outras possiveis sensaçoes, denominados de "sentimento" ou nao.

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  3. Essa é nossa solidão de dentro, que grita ao breve do álcool, que entorpeçe o cru da carne enquanto nos descasca. Ótimo poema, espero voltar aqui o mais breve possível, parabéns...

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