sábado, 20 de novembro de 2010

Agua de beber

Postando com medo, quase um mes depois de ter sido escrito.
E aviso que esta péssimo.


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Pois sim, 23 de outubro de mais um ano.
Do segundo, mais precisamente.
Nao sei ao certo o fatidico dia , mas decidi que hoje tiraria o resto das horas para relembrar
os bons dias que se antecederam até o tilintar do sino da meia-noite.
Ainda falta muito, sao 2:14 da madrugada. O sabado so esta começando.
 Vou me abster de citar teu nome, que ecooa na minha cabeça pensante, e me toma pelo menos
uma duzia de minutos diariamente.
Mas, nao me poupo de usar teus detalhes que tem moradia eterna em minha memoria.
Pronunciarei sobre teus cilios, que me faziam cocegas em torridas tardes de domingo, ao som
do toca-fitas que ja nem existe mais, ao menos aos nossos olhos.
E também de tuas pintinhas, que eu contava depois de te desnudar.
Teus pelos que ja estiveram colados aos meus com aquele cheiro que so era sentido pelas nossas vias ofegantes.
Lembrarei de tuas palidas maos me tateando como quem explora um novo caminho, recém-descoberto,
implorando pela merecida demarcaçao, de posse.
Posse concedida, posse destinada.
Nao teria como negar algo que ja o pertencia, sobretudo exercitando mesmo sem saber
o desapego postumamente consolidado.
Dos joelhos ralados também por motivos estranhos, procurando desesperadamente
o feiche do meu brinco de madreperola, de origem duvidosa.
Das vezes que tua boca socorria à minha, num intuito de calarmos aquele silencio, do tipo que é tao
mudo que se chegava a ouvir barulhos estrondosos.
A maneira em que tuas pernas confusas imobilizavam as minhas,
para que estas nao andassem sozinhas e mais atordoadas ainda, sem as tuas.
O jeito que so voce sabia pedir para eu pousar minhas maos docemente aflitas sobre teus cabelos negros,
ansiosos pelo meu cafuné.
Do teu nariz que percorria e sabia identificar cada fragrancia que meu corpo exalava por estar junto ao
teu.
E os teus braços longos que me acolhia nas noites que eu acordava esbaforida de um sonho ruim ou de
qualquer outra insegurança que eu pudesse sentir.
A barba por fazer que eu me fazia arranhar quando grudava meu rosto ao teu, pelas manhas de tantas
e tantas semanas.
Das tuas costas largas que eu me apoiava para ler um trecho de "Morangos Mofados", que voce me deu
de presente, sem fazer a dedicatoria que eu insistia que voce fizesse.
Daquele teu particular movimento repetitivo e incansavel, ora pra frente, ora pra tras.
E os teus erros de portugues nas cartas que me escreveu
das quais levarei comigo junto com todos os meus outros dias que virao.
Dos dialogos noturnos e por vezes, etilicos
sobre nossas eternas divagaçoes sobre "o mundo enquanto ser humano, à nivel de pessoa".
Dos teus pés que estiveram pertinho dos meus e que agora caminham em outra direçao.

Me pergunto se um dia estes mesmos pés se encontrarao, para poder partilhar de uma mesma trilha.
Ainda que esta trilha se bifurque novamente.


Por vezes, sinto teu lacrimejar brotando dos meus olhos caidos, que tanto velou tuas noites dormidas.


. . .


Nem sei se deveria estar pensando e registrando tais facetas.
Embora isso me faça sentir alguns instantes de falso alivio.

Soa brega, eu sei.
Mas é algo que precisava ser dito e compartilhado.
Nao sei como concluir escritos assim.
Talvez seja porque "subconsciente" eu esteja aguardando um sinal qualquer...




2 comentários:

  1. até agora estou criando coragem para comentar esta postagem...


    Visceral MRC.


    O pior de tudo? Eu me reconheci aqui. Foda né?


    Espero que sare pra ti. E pra mim também.

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  2. Poxa, obrigada, Luba!

    Mas essas coisas nao costumam sarar.
    Geralmente ficam incubadas até uma provavel proxima vida...

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